Fim de semana de Aventura
O fim de semana foi de aventura para os cerca de 350 participantes da edição de 2019 do Nosso Dakar, organizado pela Longitude 009, Touratech e Garmin. O que se disse sobre a edição de 2018 em relação à lama, este ano pode dizer-se sobre o pó. Mais de um mês sem chuva no algarve deixou a sua marca na cara dos participantes. No final de cada etapa todos os participantes tinham a mesma cor – um amarelado poeirento, apenas contrastado pelo branco dos enormes sorrisos.
De manhã, frio. Camadas e mais camadas térmicas, casacos com forros, casacos com camadas, punhos aquecidos e muito café pela manhã. Cada um com a sua técnica, o certo é que as ligações por alcatrão desde a base do evento – hotel Vila Galé na marina de Vilamoura – até aos inícios das etapas lembravam-nos que estamos em janeiro.

Um dos pontos interessantes deste evento, já na sexta edição, é a panóplia de preparações offroad que podem ser admiradas no parque de estacionamento. Este ano esteve presente uma CRF1000 Rally, com a torre de navegação, pára lamas subido e banco rally. Muitas 701 também na sua vertente rally raid, assim como 690. Algumas GSA mais ligeiras e bastantes 1290, mas essas praticamente de origem, e até uma multistrada enduro.
Várias Teneré replicas, poucas DRZ400 e uma ou outra XR. Algumas senhoras a levantar pó, mais do que no ano passado, e em destaque o casal CRF – onde ele foi de CRF1000 e ela de CRF250 – já os tínhamos encontrado o ano passado, e este ano continuaram fortes.
Etapa 0 – Sexta-feira
O grupo era grande e diverso, e alguns arrancaram na sexta por offroad, outros por alcatrão, e até houve quem tivesse ficado sem bateria a caminho, em Sesimbra. Não obstante, ao jantar estivemos todos juntos para celebrar o início de mais um “Nosso Dakar” – amigos, offroad e gastronomia.






Etapa 1 – Sábado
A primeira etapa deste evento tinha início marcado para depois do briefing das 13h, portanto tivemos um início solarengo e já de barriga aviada para a centena de quilómetros que iríamos percorrer. A vontade era mais do que muita, todos equipados a rigor, muita testosterona no ar e vontade de acelerar.


O track estava bem marcado, e era bem rolante. Fácil rolar a +100 km/h com navegação, e a CRF1000 mostrava a sua garra. Entre GSAs e potentes KTMs, as CRFs não deixaram ninguém ficar mal. Capazes de ir a todo o lado, estas foram incansáveis na persiguição da emoção.
Uma etapa sem complicações técnicas, mas com muito pó. A partida foi dada ao mesmo tempo para todos, e mesmo com o controlo de saída, era fácil estamos sempre a apanhar o grupo da frente, ou sermos ultrapassados pelo que nos seguia.

Perto do final, um companheiro de Loulé numa KTM 1290 estava parado, sozinho, com o furo. É nestas situações que o tubeless se revela uma mais valia – quando estamos perto da civilização. Rapidamente o kit de tacos safou a situação, mas dado o tamanho do rasgo, o taco não conseguia manter a pressão constante. Foi uma excelente desculpa para irmos os dois o mais rápido possível até ao final da etapa, e depois pela N2 até Loulé. Excelente ver aquela 1290 a curvar com pneus de taco, baixa pressão atrás, pela N2 abaixo. E a CRF sempre na cola. Magnífico final de etapa.

À chegada ao hotel, o pó estava em todo em lado. Banho tomado e roupa sacudida, mas nada melhor do que empurrar todo pó com cerveja – canecas e mais canecas até a garganta ficar novamente suave. O Sérgio por esta altura já tinha ido lavar a mota e meter óleo na corrente. Juntei-me a ele e fomos encontrar o Diogo e o Luís no bar do Figo, na marina de Vilamoura.


Etapa 2 – Domingo
Neste dia a etapa começaria mais cedo, pelas 9h00 – mas a 80kms de distância do hotel. O pequeno almoço custou, a cerveja ainda pesava e a CRF1000 não pegava. A boa camaradagem que se vive nestes eventos é de louvar, e rapidamente dois voluntários ajudaram a empurrar a CRF e lá pegou, em 4ª. Agora só a o poderia desligar no final da etapa – sem pressão!
O dia estava frio, o café fraco e o andamento foi baixo. A paisagem, essa foi magnífica. Várias passagens de ribeiros para tornar o track mais interessante, descidas vertiginosas e curvas das boas. A paisagem estava cada vez mais alentejana, e já no final, quase a chegar a Serpa, via-se o Pulo do Lobo à direita. A etapa acabou perto de um apeadeiro do Guadiana, onde este é atravessado pelo IP8.



O cansaço do dia anterior era notório, a noitada também não ajudou mas chegamos ao fim, e a mota não foi abaixo nenhuma vez. Uma bateria nova já vem a caminho, cortesia do Botas em Sesimbra, que rapidamente ativou a garantia.


Para o ano há mais, e até lá, também mais offroad. As melhoras para os companheiros que de uma forma ou de outra se lesionaram, rápidas recuperações, e votos de reparações rápidas nas máquinas.
Um abraço!